Grafiteiro Bonga: do subúrbio de São Paulo para o mundo

Na sala de estar quadros de Lazoo, Loomit, Fred (Farm Prod), Juan Mac, T-Kid, Ske(FX), Etnik, Shalak, Armamento Visual, Drig (Pac Cru), Sipros e do próprio artista transformam poucos metros quadrados em uma mini galeria de peso. Na estante um punhal adornado com duas cabeças e o Diablo Huma, trazidos de Quito. Isto porque entre os dias 23 a 25 de novembro o grafiteiro Bonga e o amigo e também grafiteiro Vespa participaram do Meeting of Style Equador.
O evento soma quinze anos de existência, realizando mais de 150 edições pelo mundo. Bonga explica que o graffiti vem crescendo no país e os artistas locais ainda encontram muitas dificuldades em transporem para os muros o seu talento, com relação a materiais. E, apesar de existir uma singularidade resistente nos traços de uma população de cultura indígena, a influência, o estilo e o conceito, provêm do jeito europeu de fazer graffiti, principalmente nas letras – técnica de mais forte influência.
As artes produzidas foram: dois bombs dos aracnídeos, de caráter free style puro, ou seja, de improviso, um painel coletivo que contou com a participação dos brasileiros Vespa, Stam e Lelin e outro painel pintado apenas pelo Bonga e o parceiro Vespa. “Dois painéis resolvidos e finalizados em um dia corrido, muito corrido (risos) e com um pouco de falta de estrutura que tivemos. Mas, foi um resultado satisfatório”, afirma.
Este ano, Bonga participou do Kosmopolite Bélgica com Shock (após o evento foram para a Itália, permanecendo um mês na Europa), e da exposição coletiva É Tudo Nosso, na Galeria L'Oeil Aliança Francesa em São Paulo. Ofereceu oficinas em diversos lugares, entre eles SESC Bertioga, SESC Sorocaba e na Fundação Casa (esta última, em parceria com a Ação Educativa); Participou do Tribuna Hip Hop no Quilombaque , ao lado dos pioneiros King Nino Brown, Sharylaine e Tcheba Zoom, também do Festival Internacional Essência, entre outras participações. Hoje é um dos artistas no quadro de equipe da marca brasileira Urgh e foi indicado para a segunda fase do Prêmio Mundo da Rua de Hip Hop.
Morador de Caieiras há 30 anos, desde 1996 empenha-se no mundo da intervenção artística e vem conquistando respeito em países como Chile, Canadá, França, Bélgica, Itália e Equador, sem contar nos estados brasileiros como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Bahia, Distrito Federal, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe. Quanto a experiência adquirida em Quito: "o Equador é um país em crescimento e desenvolvimento e está 'dolarizado', assim como grande parte da América do Sul, incluindo o Brasil. Percebo que algum tempo a América Latina estará virando a mesa e nossa reestruturação estará preste a acontecer. Não tem ninguém bobo no mundo e nem ingênuo como nos filmes de Hollywood. Segura, estamos chegando.", conclui.
PUBLICADO EM REVISTA RAP NACIONAL | 2012