Hip Hop Cultura de Rua: um livro de Keseone & Raul Dias

Registrar é resistir.
Vivenciar o fato, eis ainda a maior das experiências humanas. No entanto, é o seu registro a melhor maneira de evitar que o fato se perca nas profundezas de uma curta memória e na correnteza de uma extensa linha do tempo.
Ainda que registrar o presente tenha se tornado algo corriqueiro o que por um lado dá voz à democratização do discurso visual e por outro ocorre o excesso de conteúdos e uma banalização da memória de nossa época, é sabido que nem sempre foi assim... Se hoje a discussão gira em torno dos excessos, nas gerações passadas o acesso a equipamentos ou à facilidade em preservar os registros (fotográficos, escritos, visuais e orais) era algo raro. E esta raridade abre espaço até hoje para um sentimento de novidade, preenchido pelo “nossa, não sabia” ou pelo clima de nostalgia.
Do acervo iconográfico ao destino dado a ele, a questão é: uma vez existente um registro, ele se torna uma extensão da memória e ter memória faz toda a diferença para reforçar uma obra. Escrito e reescrito, o livro Hip Hop Cultura de Rua revela as raízes do hip hop de São Paulo; e agora, em sua segunda edição, de outras partes do Brasil. De autoria de Kaseone e MC Who? (é com interrogação mesmo), ganhou mais 97 páginas para indicar a trajetória de estados como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia, assim como também fala a respeito da importância histórica do filme “BeatStreet” (1984) para a cultura de rua e o percurso do hip hop, sobretudo o rap, para as periferias e o diálogo aberto com o Brasil.
Fotos de Criolo, Mano Brown, Edi Rock, DJ KL Jay, Sharylaine, Grupo Sampa Crew, Bonga, Dina Dee etc., além de recortes de noticiários e imagens de eventos, podem ser conferidos na publicação e dão riqueza de detalhes à pesquisa. O livro foi realizado sob incentivo do edital VAI junto à Prefeitura de São Paulo (Secretaria de Cultura) e possui um site criado por Kaseone HHB Studio, disponível em https://www.hiphopculturaderua.com.br, canal de comunicação que amplia a pluralidade do movimento abordada na versão impressa.
PUBLICADO EM A ORDEM DO CAOS | 2016