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A Fábula do Fabiano


Dia do folclore 22/08, aclamado nas escolinhas, criticado na academia (por não dar crédito a cada povo originário pela autoria da lenda), a história da história vou contar!

O tema desse ano da Festa Julhina do @hospitalespiritafabianodecristo foi Folclore. Diferente, achei, já que só conhecia em agosto. Equipe comprometida, no que posso ser útil, pensei. Conceito e nome sugerido, identidade visual criada, motion graphic resolvido, uma história para ser narrada.


O personagem principal: um frade português que viveu no Brasil, em meados de 1700, e hoje leva o nome da entidade que oferece atendimento de retaguarda para tratamento oncológico e está localizada em Caieiras. Só aqui já merece uma pesquisa específica para conhecer quem é quem, o que faz o quê. Seguimos...


Personagens secundários: Saci, Boto, Boi-Bumbá (Boi da Cara Preta), Iara, Matinta Perê, Guanambí, Guaricaya, Vitória-Régia. O Guanambí, indígena que havia se transformado em uma flor, foi novidade durante a pesquisa.


Das fontes inspiradoras: sobre os Búfalos da Ilha do Marajó, Carnaval e o inesquecível "cadê o boi, mogangueiro, o mandingueiro de Oyá", enredo "O Mogangueiro da cara preta" da GRES Paraíso do Tuiuti que falou sobre a cultura popular do Pará. Tava lá assistindo esse ano!


Sobre Guaricaya, Boi Garantido! Não a toada "Guaricaya, O Senhor Das Matas" e sim "Guaricaya" da empolgante "PREPAREM-SE/povos beligerantes do Rio Solimões / O MEDO que busca coragem na fúria do temporal / DESPERTA / da maloca de ossos o monstro sobrenatural / Guaricaya, Guaricaya / Ele vem, ele vem, ele vem castigar as almas...Fuja, fuja, fuja, fuja, fuja". Amoooo! A primeira vez que conheci essa toada, fui apresentada à palavra BELIGERANTE (característica do que se encontra em guerra; que se está ou permanece em luta: nações beligerantes).


Sobre o beija-flor, tava difícil decidir sobre a transformação do personagem. Gosto de onça, mas achei muito forte para a ocasião. Lembrei de duas situações: o beija-flor que aparece na janela do Administrativo HEFC e das ayahuascas da vida, através do trecho, "Vôo silencioso do mistério do amor/Fecho os olhos para ver a onde vou", de Elisa Cristal. Pensei sobre a altitude alcançada pelo vôo de qualquer beija-flor, ainda mais fazendo ele buscar estrelas, mas lembrei que a licença poética pode tudo. Seguimos...


Das brisas geradas: como tinha que ter lua, elemento sempre presente em lendas e mitos, a qual amo observar, está nos pontos de Ogum, que dizem que mora na lua, é planeta regente do meu signo, Câncer, a brisa chegou. Primeiro que a lua não é planeta, mas na Astrologia é e mexe com Câncer, câncer, que na medicina é um termo utilizado para abranger mais de 100 tipos de doenças consideradas malignas, graves ou de piora progressiva. Gente, por quê?

E nessa mesma batida, fiquei pensando no Fabiano, o espírito. Será que rola algum tipo de movimento diferenciado na Espiritualidade sempre que um grupo de pessoas lembra ou até ressignifica a existência de um desencarnado? Se alguém souber, conta aí!


É isso, meu povo, para mais dessa linha, continue vindo por aqui. Inté!



Das lendas deste Hospital, conta a história de um menino chamado Fabiano…


Cansado de tanto trabalhar no campo, pegou uma canoa e foi navegar pelas águas tranquilas do rio Minho, em Portugal. Dormindo, foi indo, indo, atravessou o continente e acordou em Paraty, no Brasil. Pensou como poderia voltar, mas a vontade era tanta de ficar, que decidiu naquela nova terra se aventurar.


Conheceu muitos lugares, sabores, histórias e muita gente ele auxiliou. Na sua travessia muitos amigos ele fez. Nunca tinha conhecido um menino tão travesso como o Saci. Os dois juntos aprontaram foi muito. Forrozearam um tantão com o Boto, quase caíram enfeitiçados no rio com o canto da Iara, pregaram uma peça na Matinta Perê e deram no pé quando ouviram o assovio amedrontador do Curupira. Com o coração alegre e prestativo, bateram perna de norte a sul do Brasil.


Fabiano cresceu e envelheceu. Vendo a finitude se achegar, pensou nas aventuras que teve na vida e perguntou ao amigo Boi-Bumbá como era possível ajudar a humanidade curar as doenças e ser um bocado mais feliz. O amigo não sabia responder, trouxe ao seu encontro um misterioso e poderoso pajé.


Vendo a pureza em seu coração, o pajé esclareceu que a resposta ele encontraria ao cumprir três desafios determinados por Guanambí, indígena que havia se transformado em uma flor.


No primeiro desafio, Fabiano domou búfalos da Ilha do Marajó com uma careta bem feia, ensinada pelo amigo Boi da Cara Preta, onde conseguiu resgatar um artefato de cerâmica. Com o artefato, distraiu e acalmou Guaricaya, homem jaguar gigantesco, protetor do Rio Solimões, rio este onde somente Fabiano pôde ver lá ao centro um admirável reflexo da lua. Ao se aproximar daquele esplêndido clarão certificou-se do terceiro desafio que era o de pegar um tantinho de néctar da flor estrela, a Vitória-Régia.


Ao cumprir os desafios, Fabiano em um pássaro leve e belo se transformou. Com o poder de mudar de cor, Fabiano agora é beija-flor! Voando alto e rápido ele vai até o céu e traz as estrelas mais reluzentes para a humanidade.


Ao anoitecer olhe para cima, e você verá as estrelas mais brilhantes!!!


É o beija-flor Fabiano, ele sempre nos trará as estrelas mais belas e ofuscantes e com ela a cura dos males para nos tornarmos mais felizes.


E, aí, gostou? Essa história te traz alguma lembrança especial?


Publicado em https://www.hefc.org.br/fabuladofabiano/


Destaque
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Tamires Santana

Tamires Santana é um ser vivo, dotado de inteligência e conhecimento (até que se prove o contrário). É pai, mãe e espírito - nem um pouco santo. Estuda, trabalha, busca, anda — principalmente de trem e bicicleta. Chegou a conclusão de que quanto mais se busca, menos se sabe. Gosta de falar sobre arte, cultura, cultura popular, política, economia solidária, design, religião, índio, folclore brasileiro, samba, carnaval, literatura infantil, ciência, criança,
desenho animado, cinema, plantas, minhocas, compostagem e um montão de outras coisa. É adepta da
filosofia de vida "é pra frente que se anda".

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